O cartunista, o marchista, o pianista e a marcha da família.

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Duke e Flávio, respectivamente. Foto: Peu

Pois bem, esse sábado que passou me programei para participar do Café Controverso do Espaço do Conhecimento da UFMG (EDC), o tema me interessava bastante: Charges e a Censura, com o cartunista Duke do jornal O Tempo, e o músico Flávio Andrade, também criador de marchinhas como a “Coxinha da Madrasta”.

O papo era usar dois exemplos de vidas sobre como mesmo hoje ainda vemos exemplos de censura. Mas não a que estamos acostumados a ouvir, a antiga, a prévia, que não deixava nada sair antes da revisão. É uma censura discreta, mas tão poderosa quanto em aspectos, a censura moral, ou também chamada da censura politicamente correta.

O papo foi muito bom, desembocando para vários eventos recentes que poderíamos dizer que cercearam ou tentaram, impedir algumas vozes seja por força, por intimidação ou por supressão: Sherazade da SBT, biografias não autorizadas, helicóptero da coca, coxinhas milionárias, charges sinceras, além de discutir até onde se estende a liberdade de uns e a privacidade de outros.

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Duke, Peu, Flávio. Foto: Lucas do EDC.

Gostaria muito de me estender a fundo sobre todo o debate, mas já são casos documentados. Mas digo que ambos os convidados que se conheceram no dia, assim como a pequena, mas ativa plateia, e os organizadores do espaço foram todos muito amigáveis durante o evento. Tínhamos mesmo um argentino, que mesmo tendo uma posição bem determinada quanto a questão das biografias, todos mantivemos um ótimo ambiente de conversa, foi bem legal. Todos ganharam um cd com as marchinhas de carnaval vencedoras de BH do Flávio.

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Sanduíche do Eddie’s. Esqueci de fotografar o lanche completo pela fome.

De lá, pedi informações aos meus colegas de faculdade pelo “zazap” sobre bons lugares bons/baratos nas redondezas para eu experimentar e poupar. Muitas sugestões legais, um restaurante do curso de direito, o mercado central. O Lucas do EDC me sugeriu um chamado “Reciclo”, mas que estava fechado. E acabou que ignorei todas as sugestões e terminei numa hamburgueria fina, o Eddie’s Fine Burguers, onde deixei um grande peso virtual do meu bolso. Mais sobre isso em outro post ou no CBM.

Para Pequena

Edição antiga de As Duas Torres

Depois resolvi matar tempo e desci a Rua da Bahia, em oposição ao Rômulo Paes, em direção ao prédio Maletta em busca dos sebos. Mas pro meu azar (ou sorte do meu bolso), só havia duas lojas ainda abertas. Consegui um bom preço em duas ficções científicas e um livro sobre o próprio prédio Maletta. Na loja em frente, achei uma edição antiga do Senhor dos Anéis: As Duas Torres, que não comprei por motivos, mas tirei a foto para fazer inveja numa pequena.

Ainda tinha tempo para matar, resolvi subir de volta a Bahia e me sentei na placa-homenagem ao próprio Rômulo para ler meu livro, “Atire no Pianista”, do David Goodis. Fones de ouvido e li. Li, li, li, até que um grupo de pessoas surge à minha volta. Um grupo de teatro se monta e passa a ensaiar uma cena, repetidas vezes com trios de mulher-mulher-homem diferentes, quase um teste de seleção acho, nem perguntei. Não dei muita bola, continuei a ler e ouvir minha música, me perguntando de onde vinha aquela música do hino do Brasil. Lia e a música não ia, vinha. E então me toquei:  hoje era sábado! Virei para trás e não deu outra, era a Marcha da Família com Deus passeando na Bahia atrás de mim. Bandeiras de “Fora Dilma!”, “Fora Comunismo”, “Anti-gay” e outras imbecilidades. E alguns pedestres nas ruas acenaram em apoio à marcha, inclusive alguns dos mais jovens do tal grupo de teatro que ainda estava ali, encenando, junto com alguns mais velhos também, gritaram seus gritos padrão de fora Dilma. Outras pessoas nas calçadas apenas se limitaram e levantar seus dedos médios em suporte firme aos contra valores. Nem pensei em tirar foto na hora, tava puto com tudo aquilo atrapalhando minha leitura.

Muita coisa aconteceu nesse dia, mais do que eu esperava. E quer saber? Já são seis horas e tá na hora de ir na festa no barzinho da esquina ali em cima. Outros quinhentos.

~Peu Dias

Infos:

Sobre o trabalho das marchinhas do Flávio, um pouco das letras, dos prêmios e mais: O Tempo

O caso do processo do Duke. O motivo foi uma charge feita sobre uma partida entre Ipatinga e Cruzeiro: Bhaz

Marcha da Família: tá brincando.

Espaço do Conhecimento da UFMG: http://www.espacodoconhecimento.org.br/

CCTECA: http://cctecaplanetario.blogspot.com.br/

Cuspa pensamentos.

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